Dizem que três foi a conta que Deus fez e por isso só pode ser um bom número para se ter nos alicerces de um projeto. A terceira edição do Festival Lavorada marcará, sem dúvida, o futuro deste projeto que a partir daqui caminha em grupo. Nunca nos faltam palavras para falar das coisas, das pessoas, dos acontecimentos, mas diante de tantos vídeos, de tantas fotografias, de tantos momentos especiais parece-nos que todas são vãs e não poderão substituir ou narrar as vivências que a preparação deste festival, o dia do festival e os que se seguiram significaram para todos os envolvidos. Não há dúvida que o que de mais importante temos nas nossas vidas são as relações humanas e o que fazemos para as construir. O Lavorada também é isso, um projeto de relações.
Realiza-se a 17 de junho a III Edição do Festival Lavorada, no jardim da Biblioteca Municipal Rocha Peixoto, Póvoa de Varzim. O festival inteiramente dedicado aos lavores, com uma programação que proporciona aos participantes um dia completo de atividades e muito convívio, mantém a estrutura da segunda edição.
Ao grupo de Malharia, de Leiria, Juntamo-nos nós, o grupo de tricot da Talica, a Marta Ovelha, a Ângela Pontos e Voltas e a Filipa Nionoi. Todas juntas representam milhares de pessoas que encontram nos lavores o melhor lugar do mundo! Esse lugar que se move entre as delícias de ser um espaço só nosso como também ser o amplo lugar que acolhe a felicidade de um grupo com interesses em comum.
O Mário, que nos honrou com a sua visita e a sua máquina fotográfica levou, obviamente, o colar da Mi MItrika para casa, esperando que ao longo do ano nos possa presentear com mais fotografias da temática e trazer muitos amigos para o Lavorada. O Kitato ficou seu fã! Contudo, e porque somos uns mãos largas, não quisemos esquecer todas as pessoas que com muito entusiasmo foram mostrando ao instagram o espírito vivido no nosso festival, por isso, escolhemos uma segunda fotografia, a da Uma Família de Mochila.
Passado o excesso de emoção de um dia feito com paixão, regresso à racionalidade para analisar o que correu bem, o que foi menos bem ou menos bom, o que se poderia ter feito, o que se fez, o que falhou, o que esteve perfeito. Mas isso não vou fazer aqui, neste texto, claro. Aqui, venho agradecer! Agradecer a todos os que tornaram possível o Lavorada 2022. O projeto é meu, mas sozinha não sairia da minha cabeça.
Durante o dia do Lavorada, 18 de junho, propomos aos participantes do festival que façam o registo desse dia magnífico e que partilhem as suas fotografias com a hashtag #instalavorada2022 Claro que esta participação terá de ter olho atento e procurar os melhores ângulos dos lavores, eles são fotogénicos, mas gostam de aparecer sempre bem na fotografia. O pormenor de um ponto especial, as mãos que trabalham, fios que se entrelaçam, convívios de agulhas, aquela perspectiva cónica que mostra toda a festa que vamos fazer neste dia, a yarn bomb... Inspira-te e participa.
O grande salgueiro do jardim da Biblioteca Municipal é, por si só, ponto central, grande árvore para onde convergem todos os olhares. O tronco ideal para receber uma yarn bomb, tal como ficou provado na edição do ano passado do nosso Lavorada. Foi estrela, símbolo do festival com o seu revestimento de linha em forma de crochet, nas suas variadas e alegres cores condizentes com o espírito de alegria e festa que se quer para este encontro dos lavores.
No passado dia dez de dezembro, as nossas formadoras de tricot, a Ana e a Ana, foram fiandeiras por um dia. Assim se chamava a oficina promovida pelo projeto científico Medcrafts desenvolvido na Universidade do Minho - Ser fiandeira por um dia.
Ao manusear as agulhas do tricot ou crochet, ligando uma linha à outra, o cérebro é estimulado, aumentando os níveis de serotonina e dopamina e diminuição da pressão sanguínea, gerando sensação de bem-estar e relaxamento. Essas sensações levam à autoestima, autoconfiança, criatividade e desenvolvimento de habilidades motoras. Fazer crochet ou tricot requer concentração, raciocínio e coordenação motora, mantendo a pessoa intelectualmente ativa e prevenindo doenças degenerativas, tais como Alzheimer e Parkinson, assim como perturbações do humor e de ansiedade.
“Os lavores não morrem”, um fio de conversa com duas artesãs poveiras, a Antónia Gomes, criadora da Branco Chá e a Cristina Figueiredo, criadora da Bamboo, a historiadora de arte, Sandra Amorim e a museóloga e directora do MMEHPV, Deolinda Carneiro.