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A presença de uma roda de lavores nas comemorações da Revolução dos Cravos não é um paradoxo, é a demonstração que o caminho está a ser feito e chegamos ao ponto em que já vamos conseguindo revisitar memórias mais profundas e difíceis. Mas é, acima de tudo, e com urgência, o pretexto para relembrar, precisamente, que esses tempos não se podem repetir. Celebrar os 50 anos do 25 de Abril na Lavorada é celebrar a conquista do lugar da mulher e das suas livres escolhas. Cada cravo em crochet representa a entrega da mulher à sua arte sem propósito prático nenhum, apenas a arte pela arte. Ter prazer e criar.
Em três anos muitas pessoas se foram juntando nesta roda de lavores que fala de muita coisa e nos leva por muitos caminhos. Depressa um projeto pessoal se tornou coletivo, ficando cada vez mais rico, cada vez com mais perspectivas de vir a concretizar objetivos que até então eram ideias da matéria do sonho. A vontade de levar este espaço a cada vez mais pessoas, chamar as gerações mais novas, estudar, divulgar, ensinar, criar não era já só uma vontade minha. E quando já não somos só nós, quando vemos que o compromisso já não é só nosso, temos de avançar. Dar para não perder.
O I Retiro Lavorada foi um encontro de gente que sabe que as mãos fazem e unem e que nesta construção está a possibilidade de dias mais felizes, leves, simples. Não vos vamos contar o que lá se passou porque o que se passa no retiro, fica no retiro. Mas podemos dizer que foi especial e que as agulhas são feitas de material bom condutor de amizade e empatia.