
Ilustração: Cláudia Pinheiro | Design gráfico: Carlos Gonçalves
O que faz falta é juntar a malta!
Guilherme D'Oliveira Martins, no seu ensaio "Património Cultural, Realidade Viva", apresenta o património cultural como instrumento de democratização e de paz, na medida em que o conhecimento e a partilha das diferentes culturas abre caminho ao respeito pela diversidade e ao convívio salutar entre comunidades, numa expressão da riqueza patrimonial da humanidade. As pessoas no centro da intenção patrimonial. As pessoas e as culturas como herança patrimonial.
As rodas de tricot (ou de todos os lavores) têm sido, aos nossos dias, também elas um elemento de expressão democrática, uma demonstração da liberdade no espaço público. Lugares por excelência de preservação de memórias e saberes, exemplo da milenar tradição de transmissão oral do conhecimento.
Juntar gente, conviver, trocar ideias, respeitar diferenças é uma forma de preservação de culturas. É uma forma de expressão criativa. Contrariam a tendência de anti-socialização dos nossos tempos – tendência essa que abre caminho ao individualismo, à perda da identidade comunitária e, consequentemente, à perda da expressão cultural e patrimonial das comunidades, dos lugares, dos países. Um aplanamento que arrasta consigo a fragilização da democracia
São cinco anos de encontros que reforçam a ideia inicial deste projeto, de que as rodas de mulheres a tricotar em espaço público são muito mais do que um simples encontro de mulheres: estão imbuídas de significados e de ação.
Por tudo isto, o tema do festival deste ano pretende celebrar o ENCONTRO, evocando todos estes pontos edificantes que este tema nos traz, tanto para o indivíduo como para a sociedade.
Encontro como meio de partilha de experiências e saberes, de salvaguarda de ofícios ancestrais. Como espaço de promoção da saúde mental e do desenvolvimento da inteligência social. Como espaço de desenvolvimento psicomotor de crianças e adultos. E até, como dissemos no início, como instrumento de democracia. A valorização do encontro no espaço público, livre de individualismo e de isolamento, como antítese das tendências do século XXI.
Numa sequência de intenções, juntamos tudo isto numa frase que celebra o Encontro, a Democracia, a Paz e o Património. E vamos fazer uma festa, porque o que faz falta é juntar a malta!
A melhor maneira de celebrarmos cinco anos de encontro num festival único: O Festival Lavorada, o Festival dos Lavores!
Estão todos convidados a fazerem festa connosco, a juntar a sua malta e vir até ao jardim da Biblioteca Municipal da Póvoa de Varzim celebrar o Encontro!
Viva a Lavorada!