Desde 2021, ano da primeira edição do Lavorada, que o grande salgueiro do jardim da Biblioteca acolhe uma instalação têxtil. Nesse ano, ainda sem um tema, as rosetas coloridas marcaram o primeiro ritual deste festival. Nesta edição, a decoração do salgueiro ficou a cargo da nossa artista Cláudia Pinheiro. Um trabalho criativo e esteticamente bem conseguido que fez do salgueiro arte e mensagem.
Foi uma manhã marcada de estórias e histórias, contadas por mulheres que, de forma determinada, não só preservam a sua cultura, como se interessam pela cultura de quem lá chega. Uma manhã de boas conversas e boas presenças. Grupos de mulheres, de todas as idades, iam-se juntando, conversando, querendo genuinamente saber de umas das outras e, claro, tricotando ou crochetando.
Este ano, queremos alargar a decoração até aos grande plátanos da fachada da biblioteca. Árvores majestosas, centenárias e que ficarão lindas com as nossas decorações. Bem, aqui que começa o desafio. Nossas, não. Queremos que estes plátanos recebam as vossas decorações. Queremos desafiar os grupos de tricot, crochet por este país fora a escolherem um plátano e a decorá-lo. Um desafio que é um concurso.
Não sabemos se os lavores são pretexto para passear ou se o passeio é pretexto para os lavores. A verdade é que começamos a época como acabamos a transata – com um passeio! Depois de um julho em grande, com bastantes encontros, passeios, conversas e troca de experiências e saberes, veio o descanso necessário de um agosto em que apenas trocamos palavras pelo whatsapp, sem nunca esquecer que desligar é essencial. As saudades foram criadas e para as matar só um passeio poderia ser a solução! Juntou-se o útil ao agradável e rumamos às Caldas da Rainha para conhecer o Festival À Procura do Novelo. Dia a dia estes encontros ganham mais significado, criam laços e propósitos. São cadinhos onde se misturam ideias, sonhos e futuro.
Dizem que três foi a conta que Deus fez e por isso só pode ser um bom número para se ter nos alicerces de um projeto. A terceira edição do Festival Lavorada marcará, sem dúvida, o futuro deste projeto que a partir daqui caminha em grupo. Nunca nos faltam palavras para falar das coisas, das pessoas, dos acontecimentos, mas diante de tantos vídeos, de tantas fotografias, de tantos momentos especiais parece-nos que todas são vãs e não poderão substituir ou narrar as vivências que a preparação deste festival, o dia do festival e os que se seguiram significaram para todos os envolvidos. Não há dúvida que o que de mais importante temos nas nossas vidas são as relações humanas e o que fazemos para as construir. O Lavorada também é isso, um projeto de relações.
Ao grupo de Malharia, de Leiria, Juntamo-nos nós, o grupo de tricot da Talica, a Marta Ovelha, a Ângela Pontos e Voltas e a Filipa Nionoi. Todas juntas representam milhares de pessoas que encontram nos lavores o melhor lugar do mundo! Esse lugar que se move entre as delícias de ser um espaço só nosso como também ser o amplo lugar que acolhe a felicidade de um grupo com interesses em comum.
O regresso à Tua Vinharia, para mais um encontro A Agulha Vai Torta é sempre...
“Colhe as flores que puderes!” foi o poema ponto de partida para a Yarn Bomb do Lavorada 2022. Uma metáfora que exorta as pessoas a reconhecerem todas as coisas boas da vida e a colherem em cada uma delas a alegria do dia a dia. Um carpe diem na construção da felicidade e de si mesmo, vivendo a vida em plenitude a partir de si para o exterior. Uma Yarn Bomb colaborativa, um projeto em crochet que juntou uma dezena de mulheres e fez crescer canteiros de flores de “cores vibrantes”, um jardim “arco-íris de alegrias” e que poderá ser visto no Jardim da Biblioteca Municipal Rocha Peixoto até que o tempo a leve…
Passado o excesso de emoção de um dia feito com paixão, regresso à racionalidade para analisar o que correu bem, o que foi menos bem ou menos bom, o que se poderia ter feito, o que se fez, o que falhou, o que esteve perfeito. Mas isso não vou fazer aqui, neste texto, claro. Aqui, venho agradecer! Agradecer a todos os que tornaram possível o Lavorada 2022. O projeto é meu, mas sozinha não sairia da minha cabeça.
Durante o dia do Lavorada, 18 de junho, propomos aos participantes do festival que façam o registo desse dia magnífico e que partilhem as suas fotografias com a hashtag #instalavorada2022 Claro que esta participação terá de ter olho atento e procurar os melhores ângulos dos lavores, eles são fotogénicos, mas gostam de aparecer sempre bem na fotografia. O pormenor de um ponto especial, as mãos que trabalham, fios que se entrelaçam, convívios de agulhas, aquela perspectiva cónica que mostra toda a festa que vamos fazer neste dia, a yarn bomb... Inspira-te e participa.