Foi no passado sábado, dia 13 de novembro, que demos início à promissora aventura chamada A Agulha Vai Torta. Uma série de workshops de tricot classificados como “os mais cool de sempre” porque juntam dois prazeres – o tricot e o vinho. Dois, que facilmente se tornam em três ou quatro se lhe juntarmos a tertúlia e a amizade.

À volta da mesa da Tua Vinharia o bem-estar era visível. Havia vontade de aprender, de partilhar, de estar com o outro. Perguntamo-nos o porquê de isto acontecer e a Catarina Sá respondeu num testemunho da sua própria experiência enquanto amante e praticante de lavores. Partilhamos aqui as suas palavras:

A Lavorada, o bem-estar e a Saúde Mental

Comecei por aprender a fazer “malha, ponto manta de gato” com a minha avó. O meu primeiro trabalho foi um casaco às riscas, branco e vermelho, para o meu “chorão”, tricotado na companhia dela e das suas orientações. Estava cheio de gatos, como lhe chamava, mas eu estava orgulhosa da obra. Ela fazia o seu crochet e eu fazia a minha malha e conversávamos, brincávamos e eu sentia uma ligação tão forte à minha avó enquanto estávamos ali… não percebia bem porquê, mas sentia-me calma e serena, empenhada e motivada.

Só comecei a entender o fenómeno, quando me tornei psicóloga. Aí tudo começou a fazer sentido: mais do que um passatempo, os lavores são um grande aliado do bem-estar emocional. Ao manusear as agulhas do tricot ou crochet, ligando uma linha à outra, o cérebro é estimulado, aumentando os níveis de serotonina e dopamina e diminuição da pressão sanguínea, gerando sensação de bem-estar e relaxamento. Essas sensações levam à autoestima, autoconfiança, criatividade e desenvolvimento de habilidades motoras. Fazer crochet ou tricot requer concentração, raciocínio e coordenação motora, mantendo a pessoa intelectualmente ativa e prevenindo doenças degenerativas, tais como Alzheimer e Parkinson, assim como perturbações do humor e de ansiedade.

As artes manuais, nomeadamente o crochet e tricot, podem também ser utilizadas de modo coletivo, por exemplo, em rodas de conversa, traduzindo vivências, trocas, informações e depoimentos sobre a vida cotidiana. Esses gestos, essas vivências, são afetivos e também contaminam positivamente os que delas participam, promovendo o sentimento de pertença, de coletividade e de apoio. E a isto se chama Lavorada!

Testemunho de Catarina Sá, psicóloga com especialidade clínica da Saúde e Educação.

O primeiro de muitos.

O primeiro já passou, mas no próximo sábado, dia 20, haverá a sessão 1.1, tantas foram as interessadas em participar no A Agulha Vai Torta. Até março de 2022 repetiremos o workshop/convívio no primeiro sábado de cada mês, de onde esperamos que saiam muitos Xailes Lavorada. Até lá, a Ana e Ana já trabalham na camisola original, Camisola Lavorada, pois claro. É que isto do tricot alinha-se com aquele provérbio, “vai de começar”. E agora que sabemos que isto mete hormonas da felicidade pelo meio e muita estimulação cerebral, não podemos mesmo parar.

Para instigar as vontades e atiçar os indecisos, partilhamos convosco algumas fotografias da primeira sessão.