As tricotareiras de Monção
Existe um grupo de Mulheres que, com frequência, se encontram para tricotar na magnífica Monção e lá fomos nós, acedendo ao seu generoso convite, ao II Festival de Tricotareiras de Monção organizado por elas.
Não sei se consigo descrever com precisão, emoção ou sensibilidade o que acontece sempre que frequentamos estes encontros.
De repente, parece que restauramos a fé na humanidade: em todo o lado vemos pessoas genuinamente boas, que sorriem, que abraçam, que ajudam, que desejam o melhor umas às outras, que aproveitam o que de melhor já têm para evoluir, tornarem-se melhores a cada dia. Gente que ama a Terra, as gentes, o património, a preservação da memória e constroem novas memórias, novos patrimónios e novas culturas.
Pensei genuinamente que iria ver tricotar, tricotar camisolas, tricotar meias, enganei-me.
Quando ouvi a Isabel e a Tânia percebi que, afinal, tricotavam histórias, usavam a bússola do coração e construíam, a cada passo, um projeto novo.
Estas mulheres arrastam e inspiram quem as ouve a fazer o mesmo.
Saímos dali com vontade de tricotar um novo projeto de vida de, a cada volta e carreira tricotadas, mudar de novelo, de padrão, de ideia, voltar atrás e recomeçar e olhar para o nosso percurso com a sensação de dever cumprido.
Quando os novelos se juntaram à literatura, através dos poemas recitados pela Arcelina Santiago percebemos que tudo faz sentido e nada, mesmo nada, é por acaso.
Teresa Teixeira