Inspirado no Dia Mundial de Tricotar em Público, o Lavorada - O Festival dos Lavores é um evento-convívio que pretende fazer a promoção dos lavores. Mostrar que estes não são somente um ofício do tempo das nossas avós, mas antes uma forma de estar na vida. Um evento que pretende expor as múltiplas camadas do artesanato feito em casa e que se abre ao exterior no século XXI, mostrando como estes elevam o espírito, pacificam a mente, aumentam a autoestima, promovem o encontro social, estimulam a economia, criam artistas, e são salvaguarda do património. É feito num ambiente de convívio, mas tendo sempre como pano de fundo a cultura e a arte.
São chamados ao festival todos aqueles que têm um gosto especial pelos lavores, quem sabe fazer, mas também quem os quer aprender. A cada participante é pedido que traga o trabalho que tem em mãos e que o execute em jeito de partilha, trocando conhecimento e experiências.
Nesta primeira edição, que começa devagar, tateando o chão pandémico, mas espera entrar na autoestrada das coisas boas e sumarentas, para além do convívio esperado entre participantes, temos uma Mesa de Conversa - "Os lavores não morrem", onde participam duas artesãs poveiras, a Antónia Gomes, criadora da Branco Chá e a Cristina Figueiredo, criadora da Bamboo, a historiadora de arte, Sandra Amorim e a museóloga e directora do MMEHPV, Deolinda Carneiro.
Estará, também, patente uma exposição promovida pela Ontem - Histórias Contadas, de Mário Linhares. Uma exposição onde serão mostrados alguns exemplos de publicidade ilustrada de meados do século passado alusiva ao tema dos lavores.
Para encerrar a festa, trabalharemos em uníssono, fazendo uma grinalda de bandeirinhas gigante que ficará instalado nas árvores do jardim, no pequenino bosque que ali se forma.
Depois de um ano que a todos marcou, tendo como lado positivo a aproximação que muitos fizeram das artes manuais, queremos que este seja um encontro da valorização do artesanato feito em cada casa. A constatação definitiva que este eleva o espírito, pacifica a mente, aumenta a autoestima, promove o encontro social, estimula a economia, cria artistas, e salvaguarda o património.
Yarn bomb
Jardim da Biblioteca Municipal Rocha Peixoto, Póvoa de Varzim, preparado para receber a primeira edição do Lavorada, decorado com a yarn bomb da My Beloved Craft
Convidadas da Mesa de Conversa
Deolinda Carneiro
Convidada · Mesa De Conversa
Deolinda Carneiro é directora do Museu Municipal Póvoa de Varzim (MMEHPV). Dentro da lista de estudos artísticos e patrimoniais da Póvoa de Varzim que tem vindo a desenvolver, está um dedicado à Camisola Poveira. Peça de vestuário que ao longo de um século foi sendo tricotada com amor e orgulho, tornando-se num ex-libris da cidade. Exemplo vivo de um bem patrimonial nascido das artes domésticas.
Cristina Figueiredo
Convidada · Mesa De Conversa
A Cristina, criadora da Bamboo.Online é um exemplo de como com criatividade e bom gosto se pode trazer para o século vinte e um as roupinhas de bebé feitas pelas nossas avós. O crochet serviu-lhe de arranque para uma atividade que atualmente lhe ocupa os dias. Ela será uma das nossas convidadas. Falará do gosto pelo crochet, pelo tricot e das múltiplas camadas do "saber fazer".
Sandra Amorim
Convidada · Mesa de Conversa
Sandra Amorim é historiadora de arte. Foi no encontro com as artes decorativas que o seu coração tendeu para a azulejaria, tendo feito o livro Azulejaria de Fachada da Póvoa de Varzim. Mas é na cerâmica e nos lavores que encontra o material artístico para as suas já bem conhecidas mesas de refeição. As toalhas bordadas ou com aplicações em crochet são a base perfeita para o triunfo de bem receber e de bem usufruir de heranças que geralmente mantemos guardadas. Um gosto que faz com que os lavores nunca morram!
Antónia Gomes
Convidada · Mesa de Conversa
Depois de ter tido outras profissões, Antónia foi buscar à infância o gosto pela costura, sabia que a sua felicidade estaria ligada ao trabalho das suas mãos. A sua marca, Branco Cha, faz o casamento perfeito entre a tradição e a inovação e liga-se às mais recentes correntes ecológicas, fazendo o reaproveitamento de materiais para as suas criações.
Os seus sacos circulam pelo país inteiro e além fronteiras. É o exemplo de como uma atividade tida como das donas de casa e das avós pode andar de mãos dadas com a modernidade e, acima de tudo, ser espelho de um estilo de vida.