A presença de uma roda de lavores nas comemorações da Revolução dos Cravos não é um paradoxo, é a demonstração que o caminho está a ser feito e chegamos ao ponto em que já vamos conseguindo revisitar memórias mais profundas e difíceis. Mas é, acima de tudo, e com urgência, o pretexto para relembrar, precisamente, que esses tempos não se podem repetir. Celebrar os 50 anos do 25 de Abril na Lavorada é celebrar a conquista do lugar da mulher e das suas livres escolhas. Cada cravo em crochet representa a entrega da mulher à sua arte sem propósito prático nenhum, apenas a arte pela arte. Ter prazer e criar.
O instante em que soubemos que a Paula sabia tocar acordeão foi o instante em que ficou decidido que cantar-se-ia As Janeiras na Lavorada Mensal de janeiro, óbvio. Foi mesmo uma alegria. Trajamos as nossas Camisola Poveiras e afinámos vozes. A melhor maneira de se começar um novo ano.