Não há uma de nós que não tenha memória de ver as nossas mães a fazer malha ou crochet na praia. Se não era a nossa mãe, era a senhora da barraca ao lado. Havia sempre alguém que não dava por perdido o tempo ao sol. Numa barraca feita extensão da casa, sempre de olho atento na canalha, a camisola do próximo inverno crescia, o novo naperom já preparava a casa que se queria aprimorada no Natal. A praia como lugar perfeito para os lavores.
2024 não é ano do crochet sair à rua em Cerveira, mas isso não importou. No último sábado de julho, cumprimos o prometido e fomos de comboio para Vila Nova de Cerveira. Um dia com muitas horas de viagem, um tempo mais que perfeito para tricotar e conversar.
Quando ouvi a Isabel e a Tânia percebi que, afinal, tricotavam histórias, usavam a bússola do coração e construíam, a cada passo, um projeto novo. Estas mulheres arrastam e inspiram quem as ouve a fazer o mesmo. Saímos dali com vontade de tricotar um novo projeto de vida de, a cada volta e carreira tricotadas, mudar de novelo, de padrão, de ideia, voltar atrás e recomeçar e olhar para o nosso percurso com a sensação de dever cumprido.